Até uma gota d'água consegue se diferenciar das outras em meio a uma imensidão sem fim de gotas iguais...Mas por que nós, seres humanos, instituídos por uma razão e uma pretensa capacidade de pensar, insistimos tanto em sermos iguais uns aos outros?

Vivo a diferença a cada suspiro meu, a cada gota de suor, a cada raio de sol, a cada novo luar, a cada sinapse neurótica de meu cérebro, a cada instante, a cada momento, a cada sempre...

Viva a diferença, não ao estereótipo!



"Ser poeta não é ambição minha.
É a minha maneira de estar sozinho."

Fernando Pessoa

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

És tudo que mais quero


Nunca precisei tanto de ti.
Nunca foste tão minha.
Nunca precisaste tanto de mim.
Nunca fui tão teu.

Quando nossas dores se intercalam
nosso amor se multiplica em escala industrial.
Revertemos a dor que é o não-amor
e o transformamos em amor de uma vida.

Nunca nos desejamos de forma tão brutal
Nunca fomos tão parecidos um com o outro:
em dores e sentimentos
nossos corações se igualaram.

Somos nada mais que dois corpos
em incessante e mútua procura do corpo alheio.
Somos nada mais que seres
vivendo em corpos que não nos pertencem:
Cada um de nosso corpo é o corpo do outro.

A dor que outrora nos latejou
é o cimento que reajuntou nossos corpos
sedentos
de vida, de amor, de sinceridade
do outro...

Nunca precisei tanto de ti.
Nunca foste tão minha.
Nunca precisaste tanto de mim.
Nunca fui tão teu.

16.jan.2010

A Lua



Pérfida ilusão dos desalmados,
companheira de devassidões inúteis.
Tens o chão por um dragão cavalgado,
és o lugar de ilusões fúteis.

Oh, satélite único deste planeta
és o mais lindo dos astros:
estrelas, galáxias, cometas
quero beleza quando sigo teus rastros.

De tua imensidão brancodourado
reluz o alento dos amantes:
da lascívia volátil dos apressados
ao amor paciente dos iniciantes.

Companheira das noites solitárias
fazes falta quando não apareces.
Para as epígrafes dos poetas és solidária,
destino último de todas as preces.

Repouso de todos os viajantes,
calvário dos que não a enxergam.
Poço negro, alvo, dourado, rutilante
lágrimas dos olhos que as faces cegam.

21.jan.2010